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Clara Kochen escreve sobre o centenário da Chevra

Artigo sendo lido por ela durante celebração na sede administrativa, na tarde do último dia 28/02

Clara Kochen

Presidente do Conselho Deliberativo da Associação Cemitério Israelita de São Paulo

Prezados amigos, autoridades que nos honram com sua presença e companheiros de jornada.

Quem viveu 100 anos tem muitas histórias para contar e muitas razões para comemorar.

No dia do seu centenário, a Chevra Kadisha de São Paulo poderia lembrar um grande número de nomes e datas que fazem parte de sua história. E seria lindo relembrarmos juntos momentos inesquecíveis e pessoas abnegadas que por aqui passaram, mas levaria muito tempo... e vocês não me perdoariam. 

Portanto vamos resumir. Nossa trajetória começa mobilizando integrantes da comunidade para, cumprindo as leis judaicas, permitir a cada judeu sua sepultura perpétua, com os procedimentos de cuidado e respeito

Dias, horas, meses, anos de muito trabalho, incontáveis reuniões para cumprir as inúmeras exigências oficiais para regulamentar a criação de um cemitério judaico, que começou funcionando informalmente, para somente em 1923 ser criada a nossa entidade para administrar e se responsabilizar pelo Cemitério Israelita da Vila Mariana, o primeiro dos quatro que hoje fazem parte da organização.

Lembrando que em várias partes do mundo há cemitérios, que por falta de empenho comunitário, restaram abandonados e hoje, sem recuperação, ocupam triste lugar na história. Enaltecemos os cemitérios de Vila Mariana, hoje patrimônio cultural da cidade, Butantã, que está entre os mais bem cuidados do mundo, Embu, cuja implantação é fruto de visão, perspectiva e trabalho duro de uma equipe que realiza hoje, pensando no futuro, e Cubatão, cujo cuidado caridoso é um exemplo notório.

É relevante o fato de a Chevra Kadisha ter uma diretoria que respeita todas as vertentes e graduações do judaísmo, desde o judeu mais agnóstico até o extremamente ortodoxo, sefaradis, ashkenazis, orientais e outros. Todas as correntes recebem o respeito à diversidade de culto. Assim é que hoje nossa Associação mantém setores para casais de diferentes religiões, mostrando um acolhimento que em poucos lugares do mundo existe.

Afinal, se a Chevra Kadisha é uma entidade de última caridade, esta caridade tem muitas formas de ser feita e deve ser feita com respeito às tradições, mas encarando de frente a pluralidade atual.

Prosseguindo eu poderia dar números, estatísticas, planos e projetos, falar da administração, patrimônio, finanças, enaltecer a organização, elogiar paisagismo e manutenção, mas tudo isso está aí em atas, balanços, números e milhares de folhas e arquivos ao alcance e à disposição de todos.

Mas o que não está impresso em papel e sim em nossas vidas é a motivação dessa linha contínua e centenária de voluntários. É sentir a dignidade de trabalhar sem colunas sociais, sem egos inflados e pedestais de glória, compreendendo a dificuldade de lidar com pessoas que nos procuram em momentos familiares difíceis, tristes e por vezes complicados.

Durante cem anos, o trabalho da Chevra Kadisha tem sido solidariedade, ter corações batendo junto com o daqueles que sofrem, mas ter também cabeça para conseguir elementos que permitam atingir a meta a que se propõe.

Aqueles que nos antecederam depositaram em nossas mãos essa herança que vem passando ano após ano numa sólida e inquebrantável corrente. Aqui aprendemos a agir com bondade e modéstia, mas em diametral oposição, sentir o orgulho de ser um privilegiado por ter a honra de fazer a última caridade, que transcende o agradecimento já não mais possível.

São 100 anos de aprendizado e evolução do binômio vida e morte.

Vou terminar com palavras de Fernando Pessoa:

"D’us costuma usar a solidão

para nos ensinar sobre a convivência

D’us costuma usar o silêncio, para nos ensinar

sobre a responsabilidade do que dizemos

Às vezes usa o cansaço, para que possamos

compreender o valor do despertar

Algumas vezes usa a doença, quando quer

nos mostrar a importância da saúde

Outras vezes usa a morte, quando quer

nos mostrar a importância da vida."

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